Apps de saúde vieram para ficar, e médicos precisam lidar com isso
O número de downloads cresce: uma pesquisa feita pela Flurry Insights, pertencente ao Yahoo!, mostrou que em seis meses, entre 2013 e 2014, o uso dessas ferramentas aumentou 62%.
Para o doutor em bioengenharia da Politécnica de Milão, Enrico Caiani, essa é uma tendência que veio para ficar, pois as ferramentas podem ajudar pacientes a modificarem hábitos e aderirem ao tratamento. "Aplicativos podem ajudar você a manter o cuidado com a sua saúde."
Apesar de alguns profissionais começarem a adotar essas ferramentas, falta familiaridade e sobra desconfiança por parte dos médicos na hora de incluir aplicativos no tratamento dos seus pacientes.
A restrição em 'prescrever' o uso de aplicativos médicos para seus pacientes está relacionado com a falta de regulação clara dessa tecnologia. No caso do Brasil, o CFM (Conselho Federal de Medicina) confirma que o tema, bastante novo, sequer foi discutido pelo órgão da classe médica.
Apps ajudam em diagnóstico e acompanhamento
A partir deste mês, os pacientes que sofrem de fibromialgia –síndrome que causa fortes dores no corpo—terão à disposição um aplicativo que ajuda a monitorar a doença. O FIQr (Questionário de Impacto na Fibromialgia - revisado) traz 21 perguntas que devem ser respondidas semanalmente pelo paciente e são enviadas diretamente para o e-mail do médico."Assim, o profissional pode medir, em uma escala de 0 a 100, quais os impactos das dores na vida do paciente e se ele está evoluindo bem ao tratamento, já que a questão da dor é bastante subjetiva. O aplicativo é uma tentativa de objetivar a doença", explica o reumatologista Roberto Heymann, um dos responsáveis pela ferramenta.
A iniciativa foi criada pela SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia) em parceria com o laboratório Pfizer, e estará disponível na Apple Store.
Histórico médico
O diretor da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), Carlos Eduardo Suaide Silva, diz que um dos maiores problemas enfrentado pelos cardiologistas clínicos é a não adesão ao tratamento da hipertensão arterial. "Esses aplicativos poderiam ajudar bastante mostrando aos pacientes como está sua pressão, lembrando os horários dos remédios, etc." afirma.O comerciante Eduardo Gonçalves, 58, adotou um aplicativo para ajudar a mão de 84 anos a lembrar os horários dos remédios que ela precisa tomar. O app SaúdeControle reúne também informações clínicas dela, que vão desde o tipo sanguíneo até os exames laboratoriais realizados.
Gonçalves conta que conheceu a ferramenta em uma conversa com amigos e começou a testar com o pai, que sofria do Mal de Alzheimer e acabou morrendo no ano passado, após sofrer um acidente doméstico. "Ele foi levado para um hospital público e as informações do aplicativo foram usadas pelo médico da emergência para tratá-lo da melhor maneira", diz.
No Brasil, ainda não há regras
Em 2015, o FDA (Food and Drugs Administration) – a Anvisa dos EUA – editou um documento sobre aplicativos de saúde. O órgão regula ferramentas ligadas a doenças que podem colocar em risco a vida dos pacientes. Ou seja, todos os aplicativos que usam "luzes, câmera, vibração e outros recursos para realizar funções de dispositivos médicos", a exemplo do medidor de pressão arterial.Os que podem ter funções médicas, mas que possuem baixo risco à saúde do paciente - como os que ajudam o paciente a parar de fumar, por exemplo -, não são fiscalizados.
No Brasil, A Anvisa informa que o tema ainda é novo no país e, por isso, a agência ainda não possui regras específicas para aplicativos dessa natureza. O órgão se restringe a analisar apenas programas ou outros softwares quando associados diretamente a um equipamento de saúde, como os usados para fazer exames diagnósticos.
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