terça-feira, 23 de junho de 2015

A "cura" da fibromialgia



Recentemente, foi veiculado, em programa de alcance nacional, um tratamento baseado nos princípios da medicina ortomolecular para a "cura da fibromialgia". O tratamento baseado em soros para "matar" os micro-organismos que causariam a fibromialgia, duraria três meses e custaria cinco mil reais. Associado a isso, um programa de musculação para transformar as fibras 2b em 2a.Tive a oportunidade de assistir à matéria e gostaria de fazer alguns comentários:

1) A medicina ortomolecular não é baseada em evidências científicas, e por esse motivo não é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como especialidade médica.

2) Não existe nenhuma evidência científica que a fibromialgia é causada por micro-organismos. Isto é uma afirmação falsa.

3)A musculação pode ser útil na fibromialgia, mas não para a transformação de fibras musculares e sim por que toda a atividade física é importante no tratamento da fibromialgia.

4) Infelizmente não existe uma cura para a fibromialgia - a Medicina séria e científica não esconderia este fato do público, e sim trabalharia para ampliar o acesso a esse tratamento para todos os pacientes, inclusive pelo SUS e GRATUITAMENTE.

Eduardo S. Paiva
Reumatologista - Chefe do Ambulatório de Fibromialgia do HC-UFPR

Manisfestações Clínicas


principal queixa dos pacientes com fibromialgia é a dor difusa e crônica, muitas vezes difícil de ser localizada ou caracterizada com precisão (GOLDENBERG, 1987). Os distúrbios do sono e a fadiga são relatados por 75% dos casos (WOLFE et al. 1990), fadiga esta que tem início logo ao despertar e duração maior do que uma hora, reaparecendo no meio da tarde. Os pacientes referem, ainda, rigidez matinal e sensação de sono não restaurador, apesar de terem dormido de 8 a 10 horas. O sono é superficial, tendo os pacientes facilidade de acordar frente a qualquer estímulo, além de apresentar um despertar precoce (MOLDOFSKY, 1989 b).

Apesar da fibromialgia poder apresentar-se de forma extremamente dolorosa e incapacitante, ela não ocasiona comprometimento articular inflamatório ou restritivo (WOLFE & CATHEY, 1983). A presença dos pontos dolorosos é o achado primordial do exame físico, não se observando edema ou sinovite, a não ser na concomitância de patologias como a osteoartrite ou artrite reumatóide (WOLFE, CATHEY. KLEINHEKSEL, 1984). A fraqueza muscular, o adormecimento e tremor em extremidades, embora referidos por 75% dos pacientes, não são comprovados ao exame neurológico, que é normal (SIMMS & GOLDENGERG, 1988). Para a pesquisa dos pontos padronizados deve-se manter o paciente sentado sobre a mesa de exame, questionando-o sobre a sensação dolorosa, após a pesquisa de cada ponto padronizado, um a um, bilateralmente em cada região anatômica, no sentido crânio-caudal (WOLFE et al., 1990). Recomenda-se o uso comparativo de pontos, ditos controles, como o leito ungueal do polegar, ponto médio na face dorsal do antebraço, fronte, terço médio do terceiro metatarso, que, supostamente, correspondem a locais menos dolorosos que os pontos padronizados.

O uso de dolorímetro ou algômetro, dispositivo que determina a intensidade de pressão por área (MC CARTHY, GATTER, STEELE. 1968), fornece dados mais objetivos, importantes em estudos controlados. Na rotina clínica, a pesquisa dos pontos dolorosos por meio de digitopressão é comparável à avaliação feita com o dolorímetro em termos da positividade dos pontos (RASMUSSEN, SMIDTH, HANSEN, 1990, SMYTHE et al., 1992; SMYTHE, BUSKILA, GLADMAN, 1993), no entanto não fornece dados quanto ao limiar de pressão a partir do qual um ponto pode ser considerado positivo. Na fibromialgia o limiar doloroso médio dos pontos padronizados, assim como dos pontos controle é mais baixo que em outras doenças reumáticas (WOLFE et al., 1990: BUSKILA et al., 1993).

A presença de 11 dos 18 pontos padronizados tem valor para fins de classificação, entretanto, de acordo com SMYTHE, BUSKILA, GLADMAN, 1991, em casos individuais, pacientes com menos de 11 pontos dolorosos poderiam ser considerados fibromiálgicos desde que outros sintomas e sinais sugestivos estivessem presentes.

Outros achados do exame físico incluem o espasmo muscular localizado, referidos como nódulos, a sensibilidade cutânea ao pregueamento (alodinia) ou dermografismo, após compressão local. A sensibilidade ao frio também pode estar presente e manifestar- se como “cutis marmorata” em especial nos membros inferiores (WOLFE et al., 1990).

Os exames laboratoriais e o estudo radiológico são normais e, mesmo quando alterados, não excluem o diagnóstico de fibromialgia, uma vez que esta pode ocorrer em associação a artropatias inflamatórias, a síndromes cervicais ou lombares, a colagenoses sistêmicas, a síndrome de Lyme e a tireoidopatias (WOLFE et al., 1990). Cerca de 10% dos pacientes apresentam positividade do FAN em baixos títulos (GOLDENBERG, 1989).

Diagnóstico

Diagnóstico 

Para a pesquisa dos pontos padronizados deve-se manter o paciente sentado sobre a mesa de exame, questionando-o sobre a sensação dolorosa, após a pesquisa de cada ponto padronizado, um a um, bilateralmente em cada região anatômica, no sentido crânio-caudal (WOLFE et al., 1990).

Recomenda-se o uso comparativo de pontos, ditos controles, como o leito ungueal do polegar, ponto médio na face dorsal do antebraço, fronte, terço médio do terceiro metatarso, que, supostamente, correspondem a locais menos dolorosos que os pontos padronizados.

O uso de dolorímetro ou algômetro, dispositivo que determina a intensidade de pressão por área (MC CARTHY, GATTER, STEELE, 1968), fornece dados mais objetivos, importantes em estudos controlados. Na rotina clínica, a pesquisa dos pontos dolorosos por meio de digitopressão é comparável à avaliação feita com o dolorímetro em termos da positividade dos pontos (RASMUSSEN, SMIDTH, HANSEN, 1990, SMYTHE et al., 1992; SMYTHE, BUSKILA, GLADMAN, 1993), no entanto não fornece dados quanto ao limiar de pressão a partir do qual um ponto pode ser considerado positivo.

Na fibromialgia o limiar doloroso médio dos pontos padronizados, assim como dos pontos controle é mais baixo que em outras doenças reumáticas (WOLFE et al., 1990; Buskila et al., 1993).

A presença de 11 dos 18 pontos padronizados tem valor para fins de classificação, entretanto, de acordo com SMYTHE, BUSKILA, GLADMAN, 1991, em casos individuais, pacientes com menos de 11 pontos dolorosos poderiam ser considerados fibromiálgicos desde que outros sintomas e sinais sugestivos estivessem presentes.

Outros achados do exame físico incluem o espasmo muscular localizado, referidos como nódulos, a sensibilidade cutânea ao pregueamento (alodínia) ou dermografismo, após compressão local. A sensibilidade ao frio também pode estar presente e manifestar-se como "cutis marmorata" em especial nos membros inferiores (WOLFE et al., 1990).

Os exames laboratoriais e o estudo radiológico são normais e, mesmo quando alterados, não excluem o diagnóstico de fibromialgia, uma vez que esta pode ocorrer em associação a artropatias inflamatórias, a síndromes cervicais ou lombares, a colagenoses sistêmicas, à síndrome de Lyme e a tireoidopatias (WOLFE et al., 1990). Cerca de 10% dos pacientes apresentam positividade do FAN em baixos títulos (Goldenberg, 1989).